sábado, 10 de julho de 2010

Entrevista


Um pequeno bate papo com o árbitro Guilherme Ceretta de Lima.


Blog do Torva: Existe árbitro ladrão?


Guilherme Ceretta de Lima: Eu desconheço. Fora de campo o árbitro é muito bem fiscalizado, e quem tem histórico suspeito não faz parte do nosso meio. Claro, sempre pode acontecer alguma coisa errada, mas isso ocorre em qualquer profissão.


Blog do Torva: Alguém já te ofereceu dinheiro?


Guilherme Ceretta de Lima: Graças a Deus isso nunca aconteceu. Caso eu recebesse tal proposta, diria um não, e depois com as provas nas mãos falaria com a imprensa.


Blog do Torva: Árbitro de futebol é um jogador frustrado?


Guilherme Ceretta de Lima: Alguns sim, outros não. No meu caso é metade, metade. Como todo garoto eu também gostaria de ter sido um jogador de futebol, mas logo cedo percebi que eu não tinha condições de ser bom de bola. Hoje em dia apitando os jogos eu percebo muito jogador ruim e que tem bom empresário, aí penso que eu deveria ter tentado seguir a carreira (risos).


Blog do Torva: Como foi a primeira vez que você apitou uma partida oficial?


Guilherme Ceretta de Lima:
Foi ótimo, ser profissional é tudo que um árbitro quer. Quando alcançamos um objetivo logo queremos conquistar outros. Agora quero chegar ao topo, que é a FIFA. Esta é uma busca muito longa.


Blog do Torva: Você já se emocionou apitando um jogo que seu ídolo estava em campo?


Guilherme Ceretta de Lima: Nunca. Para o árbitro a responsabilidade é grande, durante a partida não podemos desviar o foco. Quando o jogo termina, aí sim eu lembro que trabalhei ao lado do cara que eu sempre vi na televisão.

Blog do Torva: Você aceita ser xingado em campo?


Guilherme Ceretta de Lima: Tudo é relativo, isso depende do momento. Tem hora que você escuta insultos de jogadores e muitas vezes é uma forma de desabafo. Outras vezes o xingo é pra você sim, e aí não se pode expulsar, pois corre o risco de perder o controle do jogo. Melhor coisa é fingir que não ouviu ou responder o palavrão da mesma forma.

Blog do Torva: Você já teve vontade de marcar um gol enquanto apitava uma partida?


Guilherme Ceretta de Lima: Muitas vezes, estou sempre perto da bola e desmarcado. Dá muita vontade de antecipar a jogada, chutar e depois ainda sair comemorando.


Blog do Torva: Você se sente poderoso quando está apitando?


Guilherme Ceretta de Lima: Não se pode confundir, o importante é passar despercebido durante a partida, pois estamos ali apenas para controlar situações e conflitos. O importante para o árbitro é saber o poder que ele tem nas mãos, e não ficar procurando problemas.

Blog do Torva: O apito pode ser uma arma?

Guilherme Ceretta de Lima: Pode sim, o árbitro se quiser fabrica até mesmo o resultado de um jogo. Ele pode inventar coisas possíveis e impossíveis, amarrar o jogo e fazer muito mais. Hoje em dia todos querem um lugar ao sol, e quando entramos em campo tentamos fazer o melhor e principalmente não influenciar no resultado final da partida.


Blog do Torva: Como é a reação das pessoas quando você diz que é árbitro de futebol?


Guilherme Ceretta de Lima: Elas perguntam se sou árbitro mesmo, "daquele tipo juiz", e dizem que nunca conheceu algum.


Blog do Torva: E sua mãe, o que acha da sua profissão?


Guilherme Ceretta de Lima: O importante pra ela é eu ser feliz. E ela não se preocupa com aquele famoso palavrão.

2 comentários:

Rafael Tavares disse...

Bacana a entrevista. O árbitro Guilherme Ceretta de Lima é um profissional exemplar, é bom saber que existem pessoas assim neste meio. Ele tem competência para ser árbitro da FIFA e representar o Brasil em uma Copa do Mundo. Gostaria de saber o que ele acha da profissionalização da arbitragem, algo que acontece no Reino Unido, por exemplo?

Monsek Hevlan disse...

Ceretta, além de ser um bom profissional, ainda é modelo nas horas vagas. Já fez algumas campanhas por aí.