terça-feira, 19 de abril de 2011

Com Muito Orgulho

Estava sem fazer nada em casa e resolvi contar no Twitter um pouco da minha infância. Onde eu cresci, como era minha vida, e alguns detalhes de como sobrevivi com tantas dificuldades na periferia de São Paulo.

Nasci e ainda moro na divisa entre São Paulo e Santo André. Vivo próximo de várias favelas. Vou reproduzir aqui no Blog todas as minhas tuitadas e coisas que estou lembrando.

Na esquina da minha rua tem a favela da Ilha e no fim da rua tem a favela do Mangue. É um complexo de favelas.
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Nasci bem próximo de algumas favelas. Cresci perto de pessoas do bem e do mal, consegui estudar e terminar uma faculdade.
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Tive amigos mortos pela polícia, por bandidos e outros que foram presos. A vida na periferia não é fácil.
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Alguns conhecidos também morreram de AIDS.
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Os jovens da periferia antigamente tinham mais personalidade, os de hoje em dia curtem mais a vida bandida.
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Lembro de um amigo, trabalhávamos juntos entregando panfletos de supermercado, certo dia foi baleado de bobeira, a confusão nem era com ele. Morreu novo.
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Quando criança presenciei alguns crimes. Caminhão do gás e o da Coca-Cola eram assaltados sempre.
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Sobrevivi com tudo isso, hoje eu poderia ser um exemplo para as crianças dessa rua, mas os bandidos são mais fortes.
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Quantas vezes fui até a padaria e encontrei um corpo pela rua. Normalmente morto a tiros.
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Perto de casa tem uma avenida muito perigosa, vários e vários acidentes ocorreram por aqui.
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Somente depois de uns 30 anos a prefeitura colocou uma lombada eletrônica.
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Lembro de dois acidentes terríveis, um caminhão que esmagou um homem. E outro caminhão que deixou um vizinho sem andar pelo resto da vida.
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Minha história é doida. Chegar aonde eu cheguei não foi fácil.
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Tenho muito orgulho da minha vida.

2 comentários:

Bruno Fernandes disse...

Que história de superação a sua, Trovano. Admiro pessoas que conseguem galgar degraus na vida quando as circunstâncias não ajudam. Estou no meu último ano de jornalismo. Também vim de uma família humilde, lá no interior de Minas. Custio minha faculdade, desde o primeiro ano através de venda de livros de saúde de porta-em-porta. Do meu pai carrego a honestidade e o trabalho, de minha mãe as orações. E assim vou indo em busca dos meus sonhos, para que um dia, também me torne um exemplo para os que estão começando. Mais uma vez, PARABÉNS, TORVANO!

Nerveriner disse...

Torva,sou o @Tiago_Giovannet, num ponto você tem extrema razão,é impressionante como a sociedade gosta de optar pelo mais "facil e lucrativo",moro na periferia no interior de São Paulo,nada comparado a que você mora,mas aqui já perdi as contas de quantas vezes vi pessoas da minha idade (20 anos) sendo presas por tráfico ou coisas do tipo.
E para reafirmar o que e já disse no Twitter,os bons exemplos devem ser estampados e com orgulho,conheço um ditado inglês que diz: "Eu desprezaria um progresso do qual não pudesse me orgulhar".