segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Teto

Você já reparou no teto de um hospital? Eu já. Quando você está deitado em uma maca, a vida lhe oferece duas opções, fechar os olhos ou observar o teto.

Nem vou falar sobre o avental ridículo que o paciente tem que usar (apesar de necessário). Ficamos expostos com a bunda de fora e todo mundo olhando como se fosse algo normal. Vida de paciente.

Na sala de cirurgia continuei olhando o teto. E que teto lindo, todo branquinho. Era minha única visão. Contei, olhei, reparei em todas as lâmpadas do hospital. Cada uma com sua forma e cada uma com seu jeito. Algumas até mesmo queimadas.

O teto virou uma grande tela. Minha vida passou inteira por ela. Um filme que teve começo, meio e que ainda está longe do fim. Ou não.

Pessoas “estranhas” mexendo em meu corpo e eu sem poder fazer nada. Ou melhor, eu fiz, olhei o teto. Sem falar que eu estava paralisado (anestesiado).

Em certo momento as barreiras sumiram. Meus olhos enxergaram algo superior, o céu. E uma oração foi necessária.

Médicos cortando sua carne e ao mesmo tempo conversando sobre balada e programação da televisão é algo estranho. Tentei me distrair, olhei o teto. Por sorte acabei dormindo. Acordei e aí já era outro homem.

Uma lição? Se o seu problema é grave, olhe pra cima.

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