sexta-feira, 7 de março de 2014

Vale a Pena Ver de Novo

Jornalista conhece muita gente. Tempos atrás conheci uma das repórteres mais lindas do planeta. O Blog do Torva traz de volta uma entrevista (2011) que fiz com Livian Weber Dantas.


Blog do Torva: O que você lembra da sua infância?
 
Livian Weber Dantas: Eu nasci em Taquara, pequena cidade do Rio Grande do Sul, meu pai era pastor da Igreja Luterana, mas cresci mesmo em Canoas, do ladinho de Porto Alegre. Fiquei por lá até os meus 17 anos. Minha infância e adolescência foram regadas a muito esporte. Tenho dois irmãos mais velhos, não fui criada para o ballet, meu negócio mesmo era o futebol. Passava as tardes jogando futsal e indo aos treinos do Grêmio.
Blog do Torva: Seu pai era Pastor?
Livian Weber Dantas: Eu cresci dentro da igreja, até os meus nove anos de idade meu pai trabalhava como pastor em Taquara. Depois mudamos para Canoas, pois ele foi trabalhar como professor de teologia na Ulbra (Universidade Luterana do Brasil). Mas mesmo assim, continuamos a frequentar a igreja, foi lá que eu comecei a arranhar na música. Pra quem não sabe, também gosto de cantar.
Blog do Torva: Como começou seu amor pelo Grêmio?
Livian Weber Dantas: Meu pai e meus irmãos sempre foram muito fanáticos, minha casa é azul, não tem nada de vermelho. Nunca pensei em namorar um colorado e  também nunca quis, daria uma baita encrenca. E pra deixar claro, meu esposo é São Paulino.
 
Blog do Torva: Você se lembra de algum momento marcante da sua infância?
Livian Weber Dantas: Eu e meu irmão éramos novinhos, tínhamos por volta de 10 anos, pegávamos trem e ônibus para ir ao estádio Olímpico. Nossos pais trabalhavam e a gente acabava indo sozinho. O mais interessante eram aqueles marmanjos, fortes, vestidos de regatas na torcida cuidando de nós. Naquela época o futebol era mais seguro.
Blog do Torva: E o sonho de ser jornalista?
Livian Weber Dantas: A melhor forma que eu encontrei de ficar no esporte foi com o jornalismo. Falavam muito que eu era desinibida. Eu cantava, era líder da turma, presidente do grêmio estudantil, gostava de um palco. Todos falavam que eu tinha que trabalhar na televisão, tinha que aproveitar a minha cara-de-pau. Fiz vestibular, passei, fiquei e amei. 
Blog do Torva: Antes de ser jornalista você foi modelo? 
Livian Weber Dantas Eu era um moleque, vivia com as pernas roxas, cabelo bagunçado, nunca fui vaidosa, nunca mesmo. Só que eu era bem magra e alta, toda hora alguém me parava na rua e dizia que eu tinha que ser modelo. Um dia deu certo, completei 17 anos e vim para São Paulo. Cheguei totalmente perdida nessa selva de pedras. Fui morar com outras modelos em um apartamento cedido pela agência Mega. Além de mim, eram mais oito mulheres, não me adaptei. Acabei me juntando com duas amigas que mais me identifiquei e alugamos um apartamento. Largar o sul foi complicado, mas sempre fui independente, sempre quis morar sozinha e todos já esperavam por isso. Meus pais sempre me apoiaram. Com apenas três meses de São Paulo conheci meu marido, fui almoçar no restaurante dele. Parece que foi ontem, mas isso já faz sete anos.

Blog do Torva: E como foi essa adaptação aqui em São Paulo?
Livian Weber Dantas: Foi difícil, esse mundo da moda não era pra mim. Eu só continuava porque o dinheiro era bom. Assim que eu conheci meu marido fui me afastando da profissão. Trabalhei mais ou menos uns seis meses, acabei me casando, e todos achavam que eu estava grávida, mas casei apenas por amor.
Blog do Torva: Como foi parar no “Lance”?  
 
Livian Weber Dantas: Durante a faculdade de jornalismo (Anhembi Morumbi) fiquei sabendo de uma vaga no jornal Lance, era para trabalhar no site. Fui contratada como estagiária e acabei virando vídeo repórter. Durante um ano frequentei os treinos dos clubes aqui de São Paulo. Acabei tendo algumas dificuldades na faculdade, estava ficando puxado demais, então deixei o Lance. Ainda trabalhei em um programa esportivo na TV Brasil, se chamava “Giro Esportivo”. Era feito apenas por mulheres, era uma farra. Pena que terminou logo, a falta de dinheiro antecipou o fim do programa. 
Blog do Torva: Pensa em fazer outras coisas no jornalismo?
Livian Weber Dantas: Além do futebol, gosto muito de esporte radical. Sou uma jornalista esportiva, com muito orgulho. Queria trabalhar mesmo é na televisão. Os cabelos louros devem servir pra alguma coisa, né? (risos).
Blog do Torva: Sua beleza já atrapalhou em algum momento na profissão?
Livian Weber Dantas: Seria falsidade dizer que atrapalha, mas algumas vezes também não ajuda. Quando você é muito bonita a cobrança é maior.
Blog do Torva: E preconceito, você já sofreu?
Livian Weber Dantas: Já sofri sim. Acho que mais por ter escolhido o jornalismo esportivo, é um ambiente muito masculino. E homem quando fala mal é pior que mulher. Uma garota como eu, nova, casada, feliz e que não frequenta baladas, muita gente estranha.  
Blog do Torva: Que tipo de comentário você já ouviu a seu respeito?
Livian Weber Dantas: Já ouvi de tudo, algumas histórias mirabolantes. Diziam que eu era casada com um diretor de TV. Certa vez também disseram que eu vim do sul do país para ser garota de programa. Modelo tem essa imagem suja, infelizmente. 
 
Blog do Torva: Como era o contato com os jogadores de futebol?
Livian Weber Dantas: Tem jogador que o contato é normal, outros, na maioria, ficam que nem criança olhando, parece que nunca viram uma mulher na vida. Fiz algumas matérias nas concentrações, os jogadores estão naquela abstinência, sabe como é. E tem também aqueles mais abusados, brincam e passam cantadas. Teve um que ficou de joelhos pedindo meu telefone. Era até divertido.
Blog do Torva: Isso nunca te chateou? 
Livian Weber Dantas: Sim, lógico. Teve um jogador que vivia pedindo meu telefone e e-mail. Não dei. E um dia na coletiva de imprensa ele falou que a esposa estava grávida do primeiro filho. Fiquei indignada e mandei um recado malcriado para o fulaninho.

Blog do Torva: E seu marido é ciumento?
Livian Weber Dantas: Sempre me perguntam isso. Ele é muito tranquilo e me apóia em tudo que eu faço. Já tive loja, já cantei e acabei entrando no jornalismo. Ele faz tudo pra me ajudar. Quando trabalhei no Lance e na TV Brasil, ele sempre pedia para os amigos me assistirem. É um bom parceiro.

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