sábado, 25 de julho de 2015

Vale a Pena Ler de Novo

Lembrei de algo que eu publiquei em 2011.

Nasci, cresci e vivi na periferia de São Paulo, mas precisamente na zona leste. Um local humilde e frequentado por muitas pessoas do bem, e poucas pessoas do mal (que fazem um belo estrago).  Na rua onde eu morava, ou melhor, que ainda moro, existia uma família muito bacana, pessoas simples, religiosas. Era uma mãe (viúva) e alguns filhos. E o destino aprontou uma daquelas, uma ovelha negra fazia parte do rebanho. Apesar da ótima educação e da religiosidade, um filho foi pro lado do mal, seguiu o caminho errado da vida.

O sujeito cresceu brincando com meus irmãos. Lembro dele jogando bola, correndo, falando, mas também lembro de coisas ruins e até mesmo cruéis. Certa vez, sem nenhum rancor, jogou filhotes de gato para meu cachorro se alimentar (o politicamente correto deve estar tendo um ataque). A última imagem que tenho dele, é apontando uma arma para o muro do campinho aqui da rua e disparando.

Os anos se passaram, a família se mudou e o vizinho sumiu no mundo.

Depois que virei jornalista acabei encontrando o ex-vizinho duas vezes. A primeira delas foi próximo ao Nacional (Estádio Nicolau Alayon) e a outra foi dentro de um estádio (local reservado para imprensa e funcionários do clube), em uma cidade do interior de São Paulo.  Ele não me reconheceu, e eu também não quis puxar assunto.
 
Um dia...
 
Fui ao CT do São Paulo, e chegando ao local, quem eu encontro parado em frente ao portão? O próprio. Mais uma vez ele não me reconheceu.  

Fiquei curioso e tentei saber o que ele estava fazendo por lá. De acordo com uma funcionário do clube, o “estranho” disse que era amigo de um jogador (muito conhecido). Juntei as peças, esse atleta jogou por um bom tempo na mesma cidade do interior que eu vi o ex-vizinho. Coincidência?

Conversando com outro funcionário do CT, soube de uma informação bem interessante.
 
“O sujeito reclamou que está sendo perseguido pela policia por causa  do atleta, e se não for atendido vai falar tudo que sabe para a imprensa”.

Saindo do CT encontrei o boleiro ao celular. A conversa foi super rápida e um pouco estranha, mas...

Falei: “Tem uma pessoa te procurando lá no portão”.

O jogador continuou andando e fingiu não entender o que eu disse.

Quando fui embora, o ex-vizinho ainda estava na portão. Sei que eu deveria ter falado com ele, ter perguntado qual era a versão dos fatos. Mas por vários e vários motivos achei melhor passar reto e mais uma vez não ser reconhecido. Senti que eu teria alguns problemas caso acontecesse um contato. E também não gosto de falar da vida pessoal dos jogadores de futebol. Só espero que eles saibam com quem estão andando.

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